Há
os modestos, os que se afirmam os paladinos de interesses
específicos, da construção civil, dos vendedores, dos funcionários
públicos, etc. Mas todos, indubitavelmente, querem nos fazer crer de
que uma instituição como a Assembleia Legislativa Estadual é
representativa dos interesses do conjunto dos cidadãos, considerados
de forma abstrata e genérica. Você realmente acredita que eles
possam representar os “seus” interesses?
Eles
querem nos convencer de que precisamos deles e restringem nossa
cidadania ao ato de escolher um entre eles. Prometem que trabalharão
por nós e pela comunidade. Só temos que elegê-los. Cuidemos da
nossa vida, eles nos representarão. Nas próximas eleições talvez
sejam candidatos a senado ou outros cargos. Será melhor para eles:
estarão ainda mais longe dos nossos olhos. Mas, agora, eles precisam
de você, de mim, dessa coisa genérica que eles chamam de
“comunidade”. “Vamos trabalhar pela comunidade”, dizem.
Querem
conquistar o seu voto e poderem representá-lo – e claro, a
remuneração e outros benefícios por isso. Um afirma que nasceu e
mora na cidade há décadas ou região e que “chegou a hora de
retribuir” tudo o que recebeu – ótima forma de retribuir! Outro
pede uma espécie de retribuição pelas décadas de “vida
pública”, ou seja, que o eleitor contribua para que possa ficar
outros tantos anos. Os candidatos à reeleição têm o mesmo
propósito: “continuar a trabalhar por você”. “Quero continuar
a servir a população”, “como deputado vou ter condições de
fazer mais por você”, “conto com seu o voto para continuar
trabalhando pela comunidade”, insistem.
“Vamos
dar as mãos e lutar pela saúde” (vote em mim!). “Eu e você
para acontecer” (o que?!). “Levarei sua voz para a assembleia”
(e por acaso preciso que alguém fale por mim!).
Todos
querem trabalhar por você e pela comunidade. Que lindo! Quanto
desprendimento! São homens e mulheres de boa vontade,
“bem-aventurados” e que também apelam para o discurso religioso.
“Olá irmão eleitor”, diz um. Ora, nunca o vi e nem se parece
comigo. Como pode ser meu irmão?! Há quem tenha “Deus no coração,
amor ao próximo” e mãos para trabalhar por você. Que comovente!
O
altruísmo parece guiá-los. “Apoiarei as entidades para promover a
diminuição da desigualdade social entre ricos e pobres”, escuto.
Não fica claro se os pobres ficarão mais ricos, ou os ricos mais
pobres – ou o contrário. Mas ele promete. Quem sabe talvez
socialize os recursos e salário que terá.
Todos
querem nos convencer de que são os melhores para nos representar.
Até mesmo os candidatos dos partidos da esquerda. Há quem realmente
acredite no que fala; há quem acredita no que os outros falam; e há
os honestos e bem-aventurados. Todos fazem o discurso da
representação. Não perguntam se quero ou se posso ser
representado. É preciso refletir sobre a própria ideia da
representação.
“Chega,
chega dos mesmos! Caro eleitor, vamos dar um basta nessa palhaçada”,
afirma o candidato. Concordo! Levarei a sério e não votarei, muito
menos nele. Diz, categoricamente, outro: “Pense e vote
consequente”. Agradeço e serei consequente. E você,
caro eleitor?!
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