Quanto
mais conheço o ser humano, mais me surpreendo. Não obstante, tento
compreender! Isto, sob o risco da redundância, significa também
tentar compreender a si mesmo. O “eu individual” não existe
isolado numa ilha isolado à la Robinson Crusoé. Mesmo o personagem
da ficção trazia em si a formação educacional e religiosa e
sentia a necessidade de conviver com outros. Somos seres sociais e
não há como escapar do olhar que nos perscruta, que reprova e
censura, que interpreta equivocadamente os nossos gestos e palavras.
É do humano, demasiado humano, como diria Nietzsche. Fazer-se
compreender adequadamente é um Trabalho de Sísifo. Às vezes, é
preciso simplesmente exercer a paciência e recolher-se à reflexão.
Nestes momentos, palavras de sabedoria podem contribuir, até mesmo
com os incrédulos! Eis algumas que selecionei da minha leitura
bíblica:
“Coloquei
todo o coração em compreender a sabedoria e conhecimento, a tolice
e a loucura, e compreendi que tudo isso é vento” (Eclesiastes, 1,
17).
“Muita
sabedoria, muito desgosto; quanto mais conhecimento, mais sofrimento”
(Ecl, 1, 18).
“O
sábio tem os olhos na cabeça, mas o insensato caminha nas trevas.
Porém, compreendi que ambos terão a mesma sorte. Por isso disse em
mim mesmo: “A sorte do insensato será também a minha; para que
então me tornei sábio?” Disse em mim mesmo: “Isso também é
vaidade” (Ecl, 2, 14-15).
“Não
há lembrança durável do sábio nem do insensato, pois nos anos
vindouros tudo será esquecido: o sábio morre com o insensato”
(Ecl, 2, 16).
“Pois
a sorte do homem e a do animal é idêntica: como morre um, assim
morre o outro, e ambos têm o mesmo alento; o homem não leva
vantagem sobre o animal, porque tudo é vaidade” (Ecl, 3, 19).
“Vaidade
das vaidades, tudo é vaidade” (Ecl, 1, 2).
“Com
o tempo, nosso nome cairá no esquecimento e ninguém se lembrará de
nossas obras; nossa vida passará como uma nuvem – sem traços –,
se dissipará como a neblina expulsa pelos raios do sol e, por seu
calor, abatida. Nossa vida é a passagem de uma sombra, e nosso fim,
irreversível; o selo lhe é aposto, não há retorno” (Sabedoria,
2, 4-5).
“Nas
muitas palavras não falta ofensa, quem retém os lábios é
prudente” (Provérbios, 10, 19).
“Quem
vigia a própria boca guarda a sua vida, mas se perde quem escancara
os lábios” (Pr, 13, 3).
“Resposta
branda aplaca a ira. Palavra ferina atiça a cólera” (Pr, 15, 1).
“Quem
retém suas palavras tem conhecimento, espírito frio é o homem
inteligente” (Pr, 17, 22).
“Onde
não há conhecimento o zelo não é bom; quem apressa o passo se
extravia” (Pr, 19, 2).
“Quem
guarda a boca e a língua guarda-se da angústia” (Pr, 21, 23).
“Maças
de ouro com enfeites de prata é a palavra falada em tempo oportuno”
(Pr, 25, 11).
“Cidade
aberta, sem muralhas; tal é o homem sem autocontrole” (Pr, 25,
28).
“Não
sejas hipócrita diante do mundo e cuida dos teus lábios”
(Eclesiástico, 1, 39).
“Não
sejas atrevido com a tua língua, preguiçoso e indolente em teus
atos” (Eclo, 4, 34).
“Sê
pronto para escutar, mas lento para dar a resposta” (Eclo, 5, 13).
“Aquele
que fere o olho faz cair lágrimas; ferindo o coração faz aparecer
os sentimentos. Quem joga uma pedra nos passarinhos afugenta-os, quem
insulta o amigo desfaz a amizade” (Eclo, 22, 19-20).
“Porque
semeiam ventos, colherão tempestade!” (Oséias, 8, 7).*
Sei
que é muito difícil colocar em prática os ensinamentos que a
sabedoria indica. De qualquer forma, são palavras sábias e, oxalá,
possamos aprender com elas! Um bom começo é reconhecer que somos
falíveis e, portanto, expostos à crítica. Resta-nos exercitar a
paciência e a tolerância, ainda que as palavras sejam injuriosas e
os caminhos tortuosos! O mais é vento, vaidade!
*
As citações são da Bíblia de Jerusalém – Nova edição,
revista e ampliada. São Paulo: Paulus, 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário