Ceará Acontece: OPINIÃO: prevenção não pode se transformar em discriminação

quarta-feira, 29 de abril de 2020

OPINIÃO: prevenção não pode se transformar em discriminação

Que a população perceba esse mal social em seus comportamentos e mude de atitude!
Junto com a confirmação dos casos de Covid-19 chegou, em nossos municípios, um problema social: a discriminação. E assim como as variáveis dela: a racial, de gênero, de renda, de opção sexual, essa não tem explicação, é possível elencar vários possíveis motivos, mas não tem justificativa.

COREAÚ

Acompanhamos nas redes sociais uma “fiscalização” exagerada com as pessoas que moram nas proximidades da rua do cemitério (local que se identificou a maioria dos casos de coronavirus), se alguém daquela região estivesse em qualquer lugar da cidade as pessoas tiravam foto e começava o embate nas redes sociais, mais precisamente nos grupos de WhatsApp, ou seja, residir naquela região era sinônimo de estar infectado. Nessa pandemia, os estabelecimentos comerciais estão trabalhando, em sua maioria, com entregas domiciliares, no entanto, alguns estabelecimentos negaram fazer entrega naquela rua.

Esse distanciamento preconceituoso não atingiu somente as pessoas da rua do Cemitério, com o avanço dos casos na cidade e a expansão geográfica desses casos, familiares e amigos de pessoas infectadas por Covid-19 são alvos fáceis, o assunto circula em toda a cidade, que vê se afasta, as acusações são inúmeras... É como se a maioria da população desejasse que infectados, seus familiares, seus amigos e seus vizinhos ficassem numa prisão de segurança máxima.

MARTINÓPOLE

Uma onda de preconceito com os familiares de um senhor que testou positivo foi motivo de debates nas redes sociais. Conforme populares da cidade, nem todos os familiares do paciente teve contato com o mesmo, porém estão sendo alvos de preconceito.

 “...já não basta o sofrimento deles, tem ainda que serem julgados por muitos que se acham perfeitos, se o senhor foi irresponsável beleza cada um tem sua forma de pensar e eu sinceramente concordo também, só não concordo com a maneira e a forma que os familiares deles estão sendo expostos e julgados”, escreveu uma moradora de Martinópole.

É necessário que haja prevenção, não estou afirmando que não precisa ser cuidadoso, que não temos que nos preocupar com as pessoas que estão no grupo de risco, temos que nos prevenir! Infelizmente, nos casos descritos a prevenção deixou de ser prevenção e passou a ser discriminação.

Que a população perceba esse mal social em seus comportamentos e mude de atitude!

*Texto modificado
Texto original: Jair Felismino, professor.



Nenhum comentário: