Comecei a escrever este
blog sem maiores pretensões. A ideia inicial era apenas ter um
espaço para compartilhar reflexões sobre a vida cotidiana com
potenciais leitores: Amigos, colegas, familiares e outros que
porventura despertassem o interesse em ler. O blog conquistou leitores e assumiu proporções que não imaginei.
Por que escrever? Para
registrar experiências cotidianas? Para revigorar um dos passatempos
mais antigos da humanidade: o falar de si mesmo e dos outros? Seria a
necessidade do ego, também tão antiga quanto o mito de narciso? Por
que, enfim, se expor? O costume humano a lutar contra o esquecimento
é uma tradição que remonta à oralidade. A tecnologia contribui
para isto.
Escrever é conversar
consigo mesmo e com os outros; é organizar idéias e abrir a mente
ao diálogo com o “feito”, o “falado” e aquilo que os olhos e
os ouvidos nos transmitem. Devemos estar abertos a aprender com a
própria experiência e, escrever sobre o que lemos, ouvimos e
vivemos, é também uma forma de aprofundar este aprendizado. Esta
disposição ao diálogo, a aprender com o mundo e os que vivem no
mundo, é fundamental a quem se propõe a ensinar. O educador precisa
ser educado e este processo é permanente.
Escrever é lutar contra
a natureza, isto é, contra a potencial perda de memória que avança
com o passar dos anos. Escrever é, simplesmente, uma necessidade –
em especial quanto a mente parece enredada num turbilhão de idéias.
Eis o que espero ao
utilizar este recurso. Que este espaço seja mais uma possibilidade
para aprender ensinar, dialogar, compartilhar idéias; que seja um
espaço de reflexão, crítica e autocrítica permanente dos
noticiários.
Estas palavras se mantêm
atuais. A inquietação também! Nestes anos, consegui manter o
propósito de escrever semanalmente, às vezes também escrevendo às
quartas-feiras. Foi um compromisso que assumi com os leitores. Mas,
admito, não tem sido fácil mantê-lo. Escrever exige dedicação,
tempo, inspiração e respeito. As palavras precisam ser pensadas,
repensadas, organizadas de forma a dar coerência e transmitir algo
que fale diretamente ao leitor. Palavras são pontes que comunicam
sentimentos, ideias, etc. Mas as pontes precisam ser bem construídas,
com carinho e consideração. Do contrário, tem o efeito oposto:
palavras também tem potencial destrutivo, podem se revelar
explosivas e destruir pontes.
É necessário, portanto,
muito cuidado com as palavras – elas podem machucar, podem explodir
as pontes que estabelecemos com muito esforço. Tanto podemos
decepcionar, quanto nos decepcionarmos. Há momentos, porém, que as
palavras se ausentam, tornam-se vazias de sentido ou simplesmente não
há o que dizer. Não obstante, há o compromisso de escrever e, ao
mesmo tempo, o respeito ao leitor indica que o escrito não pode ser
apenas palavras dispostas na página em branco. Mas, o que escrever?
Quando esta pergunta se impõe, a resposta sugere questões
essenciais que me fazem pensar! Afinal, por que e para que escrever
em um blog?
Título original: The Help (EUA, 2011, 137 min. Direção: Tate
Taylor).
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