Com o
título “Ai de nós, eleitores!”, eis artigo da jornalista Adísia Sá, que pode
ser conferido no O POVO desta terça-feira. Ela lamenta o nível de baixaria na
disputa presidencial. Chega a se perguntar a articulista: “Os dois ficaram por
que são os melhores? E como seriam os piores?” Confira:
Quando um animal está acuado, enfrenta o inimigo com toda a
força de que dispõe. Assim, também, o ser humano. Em época de eleição esse
quadro se aguça e as máscaras caem e os indivíduos aparecem como são realmente.
Nada de cosméticos, conselhos, assessores e marqueteiros. O que aconteceu na TV
brasileira, 14 próximo passado, foi algo que me entristeceu, enojou: os dois
restantes candidatos se digladiando, verbalmente, à nossa frente. Ali, eles
eram o que realmente são.
Jornais deram o fato como “o mais agressivo confronto da
campanha, até aqui, em debate na TV.” Dilma e Aécio, nervosos, irritados, mal
educadamente se confrontaram. As máscaras, até então usadas, caíram e a cara de
cada um tomou o vídeo de nossos televisores, ora de olhos esbugalhados, dentes
à mostra, ora ironia no canto da boca. Triste, triste espetáculo. E são esses
os candidatos que ficaram para nossa escolha. Dentre outros pontos que chamaram
a minha atenção, um cresceu: a mineirice proclamada pelos dois: Aécio insistindo
na imagem da família capitaneada pelo avô Tancredo e Dilma, na atividade
profissional do pai ali desenvolvida, inclusive quando de seu nascimento. No
mais, a troca de insultos de ambas as partes.
E eu me perguntando: meu Deus, os dois ficaram por que são
os melhores? E como seriam os piores? Não, nós não merecemos isso. Quantos
brasileiros não lutaram, inclusive a candidata Dilma, para termos um país
livre, com direito a ir e vir, sem ter que mostrar internamente passaporte,
independentes para escolherem nossos parlamentares, governantes, sem voto
marcado e entregue à beira da urna? Esses são os melhores? “Leviana”…
“confuso”. Quanta agressividade. E, ao meio dessas “cortesias”, as ofensas
subliminares, os olhares irônicos. “Terreno particular para construção de
aeroporto público”… emprego de irmã, três primas e três primos – denunciou
Dilma… e por aí vai. Triste final de noite, esse do dia 14, quando os dois
restantes candidatos à Presidência da República se desnudaram normalmente ante
a Nação. “Help”, “socorro”, meu Deus, não merecemos isso: não é disto que o
País precisa.
*
Adísia Sá
adisiasa@gmail.com
Jornalista.
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