Há dois anos, o único poço que
serve às famílias não tem água suficiente para atender à demanda (Fotos:
Marcelino Júnior)
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Há pouco mais de dois anos, o
motorista José Eudes da Rocha sofre com a falta de água, tanto para seu
consumo, como para suprir as necessidades diárias da família. Antes de qualquer
atividade, o motorista se desloca, cerca de três quilômetros, ainda de
madrugada, para garantir um espaço na fila que se forma ao redor do único poço
que abastece a comunidade de Vila Nova, no distrito de Parazinho, neste
Município da Zona Norte do Estado.
Acionado, pela primeira vez, às
5h da manhã, o motor que garante água nas vasilhas e baldes das 45 famílias que
formam a comunidade, não tem dado conta da demanda. Com a pouca vazão, a água
logo acaba, gerando uma situação desconfortável e de total insatisfação.
Insuficiente
Mesmo sendo acionado mais
quatro vezes, ao longo do dia, o motor não garante um volume de água suficiente
para encher os vasilhames, apesar da capacidade da caixa chegar a 5 mil litros.
A água fraca que escorre da torneira piora a situação ao forçar os moradores a
uma espera constante, sob Sol intenso, característico da região.
Para tentar resolver o
problema, José Eudes tomou a iniciativa de criar um abaixoassinado, onde os
moradores cobram o poder público por solução, ou, pelo menos, medidas
paliativas que minimizem o impacto causado pela falta de abastecimento.
"Eu apresentei as assinaturas na Prefeitura, mas nada foi resolvido. O que
houve foi uma manutenção da bomba do poço, que ficou parado por uns dias.
Enquanto isso, fomos atendidos por dois carros-pipa, mas o problema continua.
Todos estamos sendo prejudicados", reclama.
Enquanto isso, alguns moradores
têm comprado galões de mil litros, pagado o frete dos carros,ou abastecido em
poços particulares, localizados a alguns quilômetros da Vila. Cada frete chega
a custar R$ 30.
Prejuízo
Houve, também, quem se
arriscasse a cavar poço por conta própria, mas não obteve êxito, mesmo tendo
perfurado o solo por cerca de oito metros de profundidade, sem encontrar uma
gota de água sequer. O irmão do pedreiro Romero Rodrigues chegou a gastar R$ 8
mil, na tentativa de encontrar água, mas foi em vão. Romero teve mais sorte ao
arriscar escavar no terreno de casa. Mas, para que isso fosse possível, o
pedreiro teve que se desfazer de sua motocicleta para investir R$ 14,5 mil na
execução do trabalho.
Apesar do alto investimento,
que contrasta com seu padrão de vida, Romero Rodrigues diz que fez a coisa
certa, e se acha um homem de sorte. "Eu não aguentava mais ver meus quatro
filhos pequenos e a esposa passarem por necessidade, sem ter uma gota de água
em casa. Eu posso dizer que fui abençoado, ao ver que outras pessoas investiram
um certo recurso, e não tiveram sucesso. Algumas pessoas da Vila ainda se
beneficiam da água do meu poço, mas, infelizmente, não posso ajudar todo mundo.
Temos mesmo é que lutar por mais opção de água aqui na nossa comunidade; um
poço apenas não resolve", lamenta.
Iniciativas
"Desde 2013, por conta das
seguidas estiagens, o município de Granja tem buscado amenizar a situação da
falta de água em suas comunidades. Cerca de 200 poços já foram escavados, ao
longo desses anos, para atender a zona rural. Estamos desenvolvendo o
cronograma para novas obras, e as famílias da Vila Nova estão incluídas.
Reconhecemos que a vazão do poço é pequena, mas, quando há uma maior
necessidade, carros-pipa são deslocados para reforçar o atendimento, como já
foi feito, numa parceria do Município e Exército", explicou o coordenador
da Defesa Civil do Município, Francisco Aquino.
Procurado pela reportagem, o
titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário e Pesca de Granja, Milton
Guilherme, não foi localizado.
Enquete
Como os moradores resistem?
"A situação é bastante
difícil. Tem gente que já foi embora porque não tem como morar num lugar sem
água. O único poço que serve a todas as famílias tem pouca vazão, e a água não
é suficiente para atender a todos", disse o aposentado Edilson Ferreira de
Sousa.
"A gente tem resistido
como pode. Como a água que sai do poço não dá para muita coisa, compramos mais
para dar conta das nossas necessidades. Eu chego a pagar R$ 30 por entrega de
água, que vem de outra localidade", respondeu o agricultou Raimundo Nonato
Amorim.
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