Gerentes foram presos em agosto
suspeitos de intergar esquema criminoso milionário — Foto: TV Verdes
Mares/Reprodução
|
A Justiça do Ceará aceitou a
denúncia do Ministério Público e tornou réu dois gerentes do Banco do Brasil
acusado de envolvimento em um esquema criminoso que desviou R$ 59 milhões da
instituição. Pedro Eugênio Leite Araújo e Celso Luiz Grillo de Lucca, servidores
das agências de General Sampaio e Tejuçuoca, foram presos em agosto e são
acusados de aplicar uma fraude que envolvia também pessoas de São Paulo e Minas
Gerais.
A denúncia aponta que R$ 59
milhões foram desviados da instituição financeira, a partir da agência de
General Sampaio. Os dois gerentes e um terceiro homem, de Contagem, em Minas
Gerais, foram denunciados por associação criminosa e fraude. A denúncia, elaborada
pelo promotor de Justiça Jairo Pequeno Neto, foi recebida pelo juiz José Cleber
Moura do Nascimento, da Comarca de Pentecoste - cidade próxima a General
Sampaio.
O advogado Waldir Xavier, que
representa Pedro Eugênio, defende que o cliente foi vítima de extorsão e de
sequestro. “De repente, ele está no polo ativo como se tivesse cometido o crime
e participação delitiva com os outros acusados. Ele nega veementemente isso.
Vamos aguardar sermos citados oficialmente para podermos rebater, nos autos, as
acusações que lhe são formuladas”, declara.
O advogado Hélio Leitão,
responsável pela defesa de Celso Luiz, informou que ainda não recebeu a
denúncia e, por isso, não poderia se pronunciar. “O que podemos assegurar é que
ele é inocente, vítima de extorsão. Vítima e não autor de delitos. Impetramos
habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça e esperamos que sua liberdade seja
logo restaurada”, ressalta. A defesa do terceiro denunciado, o mineiro Jeferson
Alves Ferreira, não foi localizada.
Por meio de nota, o Banco do
Brasil informou que “apura o caso, seguindo os trâmites previstos em seu
processo de gestão disciplinar”.
Além dos três homens detidos no
Ceará, outras três pessoas foram presas em 23 de agosto, em São José do Rio
Preto, em São Paulo, enquanto realizavam operações financeiras. Um dos
capturados havia recebido R$ 59.998.765 em sua conta.
Plano criminoso e falso
sequestro
Segundo a denúncia do
Ministério Público, os criminosos criaram um débito na agência de General
Sampaio, com a assinatura dos dois gerentes, e creditaram o valor em uma
conta-poupança da cidade de São José do Rio Pedro, em São Paulo, em 22 de
agosto deste ano.
A superintendência do Banco do
Brasil estranhou que os funcionários não tenham comunicado nada a respeito da
operação. Após obterem o crédito, "os criminosos continuaram sua
empreitada para distribuição dos numerários", afirma o MPCE.
Diversas contas foram
utilizadas no crime, incluindo a de Pedro Eugênio e de parentes de Celso.
Outros integrantes teriam tentado comprar um veículo Hilux e uma fazenda.
Conforme a acusação, Pedro e
Celso estavam "totalmente envolvidos" com a situação e, quando
perceberam que a trama seria descoberta, forjaram uma narrativa de sequestro,
durante três dias. As constatações se deram por meio da análise de conversas
entre os envolvidos por meio de aplicativos de mensagem.
Imagens de câmera de segurança
que fazem parte das investigações da polícia mostram suspeitos em hotel em
agosto de 2019 — Foto: Reprodução
|
Depoimentos
Em depoimento à polícia, Pedro
Eugênio negou participação nos crimes, alegando que foi sequestrado e obrigado
a realizar, no banco, "todos os procedimentos que demais membros da
associação criminosa ordenaram, sob pena de matarem ele e a sua esposa".
Além disso, não avisou à empresa sobre a extorsão porque tinha "medo de
sofrer represálias".
Porém, para o MPCE, a versão é
"inverídica" porque as provas apontaram que ele estava na lista de
beneficiários para receber, no mínimo, R$ 600 mil. Além disso, afirma que Pedro
"ficou o tempo todo na posse de seu celular, dormia em casa e também foi
pegar Jeferson no hotel", como revelaram as imagens de câmeras de monitoramento
de um hotel em Fortaleza.
Em seu interrogatório, conforme
a denúncia, o mineiro Jeferson Alves confessou toda a operação criminosa e
afirmou que os dois gerentes estavam envolvidos porque, para movimentar a alta
quantia financeira, o grupo precisava da assinatura digital de ambos.
Celso Luiz também negou
participação para a polícia. Ele afirmou que foi visitado por Pedro e dois
supostos funcionários do banco, mas, só depois de entrar em um carro, foi
informado de que estava sendo monitorado e que, se “agisse de forma diversa”,
matariam a ele, sua mãe e Pedro. O Ministério Público apurou que Celso e alguns
parentes estavam na lista de pessoas que receberiam os valores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário