Apenas Trairi, Tururu e Tarrafas não atingiram a meta da
primeira dose, segundo a Sesa |
No início deste mês, 37 cidades cearenses que não haviam aplicado 85%
das primeiras doses da vacina contra a Covid-19 tiveram o envio de novos
imunizantes retido. Passados sete dias desde a decisão da Secretaria da Saúde
(Sesa) do Estado, três municípios, segundo a Pasta, ainda não atingiram a
referida meta. No entanto, gestores se defendem e afirmam que há uma leitura
errada das informações, enquanto especialistas alertam para o risco de aumento
da transmissão do vírus devido à morosidade da vacinação.
A presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems-CE),
Sayonara Moura Cidade, que se mostra contrária a decisão a qual classificou
como “arbitrária e descabida”, explica que o prazo para atualização no sistema
é curto e muitas cidades enfrentam dificuldades e limitações no acesso à
internet.
“As pequenas cidades precisam de prazo, pois enfrentam falta de
suporte de internet, de informática e de pessoal, além de dificuldades em
períodos chuvosos de chegar às áreas distantes, isoladas na zona rural, uma vez
que a imunização é feita em domicílio da pessoa idosa”, detalhou a
representante o Cosems.
“Se a vacina é aplicada e no mesmo dia o sistema não é
alimentado com essa informação, fica como se aquela cidade não tivesse
alcançado a meta. Isso é um absurdo,” declara Sayonara Moura Presidente Cosems
A presidente do Cosems critica a retenção e pondera que “nenhum
município tem interesse em não vacinar". Sayonara acrescenta ainda que,
antes da medida ser aplicada pela Sesa, “faltou pedido de informações aos
municípios sobre o porquê de não se alcançar a meta de 85% para determinado
grupo prioritário”.
Em nota, a Sesa explica que "o horário acordado previamente foi
de 12h para preenchimento [dos dados de vacinação], sugerido por alguns
municípios". Após esse período, quem não atualizar os dados ficará,
naquele dia, com a porcentagem da última atualização.
O secretário da Saúde de Tarrafas, João Deniciano Mendes Araujo disse
que ficou "surpreso" com a retenção e que "a Secretaria do
Estado não entrou em contato com o Município". Ainda segundo o gestor, a
vacinação em Tarrafas está em "ritmo acelerado".
"O último lote recebido foi com 1.434 doses e já aplicamos 1.289.
Uma taxa superior a meta [85%]. Todos os nossos idosos acima de 70 anos já
receberam a vacina. Portanto, não entendo o motivo dessa retenção",
esclarece Deniciano.
O secretário disse que vai enviar um ofício à Sesa pedindo explicações
e, acrescenta que, "além da doses estarem sendo aplicadas, há divergência
de dados". O gestor confidencia que, segundo a Secretaria do Estado,
Tarrafas têm 257 profissionais na saúde, enquanto o Município diz ter 174.
"Como vou vacinar quem não existe? Desse jeito a gente realmente não bate
a meta", critica.
A secretária da Saúde de Tururu, Rozzana Tabosa também relata que
houve erro no quantitativo de doses envidas. Segundo ela, o Município tem 180
profissionais da saúde cadastros, "mas foram enviadas 280 vacinas. Então,
o índice naturalmente cai", explica.
Outra divergência apontada por ela diz respeito ao número de
quilombolas. Segundo Rozzana, são 780 e a Sesa teria enviado 2.630 doses. A
gestora garante que todos os grupos prioritários estão sendo vacinados de forma
"celere". "Não há fila de espera para idosos acima de 75 anos e,
nos profissionais da saúde, todos já foram vacinados", conclui.
A Secretaria da Saúde do Estado
explicou que cabe ao município "reunir-se com as lideranças quilombolas e
documentar as estimativas populacionais de cada quilombo". Havendo
divergência nos números, como é o caso apontado por Tururu, a Sesa deve ser
informada via ofício. "Já enviamos o ofício e estão esperando a liberação
das 40 doses retidas", pontuou Rozzana Tabosa.
DIÁLOGO
Nesta terça-feira (6), a Sesa se reuniu com representantes do Cosems e
gestores municipais e estaduais para deliberar medidas acerca da vacinação.
Ficou acordado que, quando houver divergência de números entre meta e população
vacinada, "deverá ser enviado um oficio para a Área Descentralizada de
Saúde (ADS) responsável, solicitando a correção de meta e documentando essa
alteração".
(Diário do Nordeste)
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