Os resultados são tão claros que
os pesquisadores recomendam a inclusão do testes do equilíbrio nos exames
rotineiros de idosos -Foto: Clinimex / Divulgação |
Conseguir se equilibrar em uma
perna só pode ser um indicador de vida mais longa. Pessoas acima de 50 anos que
não conseguem se manter assim, por pelo menos 10 segundos, podem ter um risco
de morte em até sete anos quatro vezes maior do que aqueles que mantêm o
equilíbrio. Você está nessa faixa etária e ficou curioso? Pode fazer o teste.
Dá para fazê-lo em casa e não custa nada, mas é importante ter um apoio em caso
de desequilíbrio.
A conclusão é de um estudo
publicado no British Journal of Sports Medicine (BJSM), um dos periódicos mais
importantes do mundo, nesta terça-feira, 21, e que contou com a participação
importante de pesquisadores brasileiros. A pesquisa analisou 1.702 pessoas
entre 51 e 75 anos entre 2009 e 2020. O objetivo foi buscar relações entre
testes de aptidão física e problemas de saúde e morte.
O teste é bem simples. Basta se
manter numa perna, com o pé levemente erguido por trás da outra, por dez
segundos, sem apoio. Os braços devem ficar junto ao corpo. O estudo aponta que
não conseguir se manter em equilíbrio nessa posição indica um risco de morte
maior do que ser cardíaco ou hipertenso, por exemplo, como explica o autor
principal do estudo, o médico Claudio Gil Soares de Araújo. Isso vale para
qualquer idade e gênero.
“É um risco muito maior do que
ter diagnóstico de doença coronariana, ser obeso, hipertenso ou ser
dislipidêmico. Por isso é prioridade que o médico avalie também a capacidade de
ficar em uma perna só”, diz o especialista que é diretor de pesquisa e educação
da Clinimex (Clínica de Medicina do Exercício)
Os resultados são tão claros que
os pesquisadores recomendam a inclusão do testes do equilíbrio nos exames
rotineiros de idosos. O teste foi incorporado ao protocolo de avaliação na
Clinimex em 2008. A partir daí foram avaliadas mais de 4 mil pessoas de seis a
102 anos de idade.
Até os 50 anos, a maioria das
pessoas consegue se equilibrar com facilidade. A partir dessa idade, o
equilíbrio, que é um dos componentes da aptidão física, começa a se perder. A
partir dos 70 anos, mais de metade das pessoas não consegue se equilibrar
direito. Além do risco de queda, a perda de equilíbrio já foi associada por
outras pesquisas a risco aumentado de derrame e demência.
Pesquisadores sugerem que pessoas
com problemas de equilíbrio estão mais sujeitas a quedas. As fraturas por
quedas respondem por cerca de 70% das mortes acidentais em pessoas com mais de
75 anos. A limitação, no entanto, pode ser revertida. Claudio recomenda que
exercícios diários, como o próprio ato de se equilibrar numa perna em séries de
dez segundos ou escovar os dentes com uma perna levantada, podem ajudar a
manter o equilíbrio. Mas alerta para a necessidade de um suporte ou alguém por
perto em caso de desequilíbrio.
Os resultados são observacionais, ou seja, o estudo não estabelece a razão para a perda de equilíbrio aumentar o risco de morte. Fatores que podem influir no equilíbrio, como quedas recentes, regularidade da atividade física, tabagismo e uso de medicamentos não foram avaliados na pesquisa
Nenhum comentário:
Postar um comentário