Foto: Reprodução/Polícia Civil MT |
Um eleitor do presidente Jair
Bolsonaro (PL) foi preso após matar um apoiador de Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) a facadas. O crime ocorreu na quarta-feira (7/9), após uma discussão em
Confresa (MT), de acordo com a Polícia Civil. A cidade fica a 1.157 quilômetros
da capital Cuiabá.
Apoiador de Bolsonaro, Rafael
Silva de Oliveira, 22 anos, ainda tentou decapitar a vítima, Benedito Cardoso
dos Santos, de 44 anos. A prisão de Rafael foi em flagrante e convertida em
preventiva por decisão judicial. Ele responderá por homicídio duplamente
qualificado — por motivo torpe e cruel.
“Intolerância não deve e não será
admitida”, escreveu o juiz Carlos Eduardo Pinho Bezerra de Menezes, da 3.ª Vara
de Porto Alegre do Norte, na decisão em que acolheu o pedido da Polícia Civil
sobre a detenção.
O delegado Igor Rafael Ferreira
de Oliveira, da Delegacia de Polícia Civil de Confresa, afirmou ao Estadão, por
telefone, que o crime foi causado por um “debate político”. “A motivação do
crime foi um debate político que envolvia os dois candidatos (Bolsonaro e
Lula)”, disse. “Não posso afirmar se foi intolerância política, porque o que
disponho até agora foi baseado na narrativa do criminoso. Só as investigações
podem confirmar”, destacou.
A campanha presidencial de 2022
já é a quarta mais violenta no atual período democrático, ultrapassando a de
1989 (23 assassinatos por motivações políticas), 1994 (17), 2002 (43), 2006
(25) e 2014 (20). Com apenas um mês de campanha oficial, as eleições deste ano
seguem tendência de aproximar ou mesmo ultrapassar os registros dos 12 meses
dos anos com maior incidência de homicídios no setor. Em 2010 foram registrados
73 assassinatos, em 2018, 71, e em 1998, 57.
Os dados são do Monitoramento de
Crimes Políticos realizado pelo Estadão desde 2013. O levantamento inclui
assassinatos ocorridos na política desde 28 de agosto de 1979, data da Lei da
Anistia, marco do período da redemocratização. De lá para cá foram registrados
2019 homicídios. O levantamento exclui casos de crimes passionais, conflitos de
trânsito e limitados à criminalidade em geral, sem conotações políticas.
Segundo o delegado, Benedito
trabalhava numa fazenda que fornecia lenha para a cerâmica onde Rafael era
empregado. Ele estava na propriedade havia cerca de duas semanas cortando lenha
para a empresa. Após horas de discussões, Benedito teria acertado um soco no
queixo de Rafael por causa de suas opiniões políticas.
Em resposta, ainda de acordo com
o delegado, Rafael puxou uma faca e atingiu Benedito nas costas, nos olhos, na
testa e no pescoço. “A primeira facada foi nas costas. A vítima caiu. Nesse
momento, Rafael desferiu 15 facadas no rosto. Não satisfeito, ele tentou
decapitar a vítima com um machado”, afirmou Oliveira.
Rafael foi preso após procurar
atendimento médico nos arredores do local do crime. Ele estava com um corte na
mão. A equipe do hospital acionou a polícia. O suspeito, então, confessou ter
matado Benedito.
Decretos de Bolsonaro que
flexibilizavam compra e porte de arma foram suspensos
Na segunda-feira, 5, o ministro
Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminares em três
ações para limitar a posse de arma de fogo e a quantidade de munições que podem
ser compradas. Fachin considerou o aumento do risco de violência política com o
início da campanha eleitoral e suspendeu trechos de decretos do presidente Jair
Bolsonaro que regulamentam o Estatuto do Desarmamento.
O ministro decidiu que a posse de
armas de fogo só pode ser autorizada para quem demonstrar necessidade concreta,
por razões profissionais ou pessoais. A decisão prevê ainda que a aquisição de
armas de uso restrito só pode ser autorizada no “interesse da própria segurança
pública ou da defesa nacional”, não em razão do interesse pessoal. A
comercialização de munições também fica limitada.
A decisão liminar diz que o
início da campanha eleitoral “exaspera o risco de violência política”. “O risco
de violência política torna de extrema e excepcional urgência a necessidade de
se conceder o provimento cautelar”, escreveu o ministro.
Foz do Iguaçu
Em 10 de julho deste ano, um
guarda municipal de Foz do Iguaçu foi assassinado em sua festa de aniversário
por um apoiador do presidente Bolsonaro. Marcelo Arruda era tesoureiro do PT na
cidade e teve sua festa interrompida duas vezes por Jorge José da Rocha
Guaranho. A decoração da celebração era inspirada em Lula e no PT.
Na semana passada, um policial militar de folga atirou na perna de um fiel durante um culto da Congregação Cristã no Brasil em Goiânia, supostamente também por motivação política.
*Colaborou
Rayssa Motta
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