Em seu segundo depoimento à Polícia Federal, sendo que o primeiro foi conta das joias das Arábias, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a depor no órgão nesta quarta-feira (26/4), agora sobre vídeo postado questionando a lisura do pleito eleitoral de 2022.
Bolsonaro disse em depoimento à
Polícia Federal (PF), que estava sob efeito de medicamentos quando compartilhou
um vídeo questionando o resultado das eleições de 2022. Segundo relato do
ex-secretário de comunicação social da Presidência e atual assessor de imprensa
do ex-presidente, Fábio Wajngarten, Bolsonaro disse à PF que a postagem foi
feita “por equívoco”, uma vez que estaria se recuperando de um “tratamento com
morfina” provocado por obstrução intestinal.
No dia 10 de janeiro, Bolsonaro
publicou um vídeo nas redes sociais questionando a lisura e a confiabilidade
das eleições presidenciais de 2022. O compartilhamento da teoria conspiratório
levantou suspeita de que o ex-presidente estaria estimulando crimes contra o
estado de direito. A postagem foi apagada no mesmo dia.
Bolsonaro alega que pretendia
encaminhar o vídeo pelo WhatsApp para que pudesse assisti-lo em outro momento.
Ele sustentou, no entanto, que, por estar sob medicação, acabou errando o
comando. O conteúdo ficou quase duas horas no ar antes de ser excluído.
De acordo com Wajngarten, o
ex-presidente foi aconselhado a excluir a publicação em que acusava o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de não ter sido eleito de maneira
legítima pela população, mas sim por um conluio entre ministros de tribunais
superiores.
A publicação realizada apenas
dois dias após os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro
foi alvo de denúncia do Ministério Público (MP) ao Supremo Tribunal Federal
(STF), que acabou por ordenar a inclusão de Bolsonaro que apura a tentativa de
golpe no início do ano.
O depoimento do ex-presidente
durou 3 horas. Encerrada a oitiva, Wajngarten ainda afirmou que a versão dada
aos agentes federais foi de que o ex-presidente repudia os atos golpistas de 8
de janeiro.
O assessor do ex-presidente deu
ênfase ao fato de a postagem ter sido feita poucas horas após a alta
hospitalar, mas não explicou o conteúdo inverídico do vídeo. Ainda segundo
Wajngarten, Bolsonaro respondeu a todas as perguntas dos policiais e não
utilizou o silêncio como estratégia de defesa. “Em nenhum momento o (ex-)
presidente fez juízo de valor do conteúdo do vídeo”, disse Wajngarten.
“Este vídeo foi postado na página
do presidente no Facebook quando ele tentava transmiti-lo para o seu arquivo de
WhatsApp para assisti-lo posteriormente. Por acaso, justamente neste período, o
presidente estava internado em um hospital em Orlando”, afirmou o advogado
Paulo Cunha Bueno. “Justamente no período entre o dia 8 e o dia 10 (janeiro),
ele teve uma crise de obstrução intestinal, foi internado, submetido a
tratamento com morfina, ficou hospitalizado e só recebeu alta na tarde do dia
10. Essa postagem foi feita de forma equivocada tanto que duas horas depois ele
foi advertido e retirou a postagem”, prosseguiu.
Segundo o ex-secretário,
Bolsonaro afirmou duas vezes no depoimento que a eleição presidencial de 2022
“é uma página virada”.
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