( Foto: José Leomar )
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A inquietação de alguns
oposicionistas quanto à disputa majoritária no Ceará está mais ligada aos
interesses na eleição proporcional do que propriamente quanto à sucessão do
governador Camilo Santana. O desejo de todos os defensores de a oposição ter um
candidato competitivo ao Palácio da Abolição, em resumo, está vinculado ao
futuro individual, incluindo-se aí até os aliados do atual chefe do Executivo,
por vislumbrarem, na existência de uma real disputa sucessória, o motivo de se
tornarem importantes, valorizados, para o projeto da reeleição.
Aos políticos com pretensões
legislativas, o importante é um pleito majoritário equilibrado. Só assim todos
eles ficam prestigiados. Para os oposicionistas, a vantagem é maior pela
perspectiva de eleger mais deputados, e quem sabe, até senador. Como hoje está,
todos eles ficam em desvantagem.
O governador não precisa
atender a enxurrada de pleitos dos seus, e os adversários não têm o apoio de
uma chapa majoritária para facilitar a conquista do voto. E tudo isso se torna
mais evidente, exatamente, pelo fato de se vislumbrar, por razões diversas e
bem conhecidas, o quão difícil promete ser a reeleição dos atuais legisladores.
A Assembleia Legislativa
estadual poderá ter uma renovação de aproximadamente 60%, enquanto na Câmara
Federal, embora o percentual seja bem menor, também vários dos atuais deputados
não lograrão êxito.
Padrinhos
Para ambas as Casas, além dos
desgastes dos atuais detentores de mandatos, a concorrência se apresenta, a
priori, deveras significativa, embora, registre-se, não pela qualificação dos
postulantes, mas pelos seus respectivos padrinhos, incluindo-se governador,
prefeitos e outras lideranças, pondo em dúvida, evidentemente, a qualidade da
futura representação parlamentar. Infelizmente tem sido sempre assim. O
eleitorado ainda não despertou para a necessidade de mudar para melhor.
Por isso, a máxima do saudoso
Ulysses Guimarães ainda está muito viva nas lembranças dos observadores da
política. O Legislativo de amanhã será pior que o de hoje, embora sempre se
admita a possibilidade de que venha a ser melhor. O dia seguinte registra a
decepção.
Esta Legislatura, embora ainda
tenha um ano para os seus integrantes contradizerem as avaliações negativas
feitas pela sociedade, por certo não deixará saudades, nem muito menos estímulo
ou boas lições para a próxima, a ser eleita em outubro de 2018. Os parlamentos
brasileiros são os principais responsáveis pela quase totalidade das mazelas
existentes na administração pública nacional. Poderia ser diferente.
As leis são feitas no
Parlamento, mas a quase totalidade não tem origem nele. Ele tem autoridade para
afastar um presidente da República, e também aprovar a intervenção federal nos
estados. Só após o sim dele são nomeados os ministros da Suprema Corte de Justiça,
e os ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas, além de várias outras
providências de igual ou menor importância.
Trilhas
Mas tudo isso, guardadas as
exceções de praxe, não parece sensibilizar a senadores e deputados de suas
competências e responsabilidades para com o destino do País. Coisas menores,
até degradantes, os fazem seguir trilhas outras, hoje, reconhecidamente
deploráveis, posto os registros do noticiário político, lamentavelmente, mais
próximo e parecido com o informativo policial, tantos os casos de corrupção e
desvios de recursos públicos denunciados.
O eleitorado precisa estar
melhor informado sobre a função de um deputado e senador para bem escolher os
seus representantes. Os partidos preferem continuar sendo insignificantes,
mesmo no ambiente democrático que experimentamos, pois não têm critério de
escolha dos seus candidatos.
Qualquer indivíduo, com a
perspectiva de um punhado de votos, vai para a relação, sendo mais um sujeito
até ser considerado inelegível pela Justiça Eleitoral, sem que isso cause
constrangimento à direção partidária. Eleito, se representará bem ao partido e
ao eleitor, pouco importa, pois o pensamento da direção do seu grêmio está é
nas benesses a advirem, durante e depois do pleito.
Consolidando
Enquanto a oposição cearense
estimula o noticiário com especulações sobre sua participação na disputa
majoritária do próximo ano, o grupo governista trabalha a consolidação da sua
aliança com o PMDB, ou mais precisamente com o senador Eunício Oliveira. O momento,
agora, é de definir estratégia para a aliança ser menos traumática aos olhos e
sentir dos eleitores, em razão dos resquícios da última eleição disputada
exatamente entre Camilo Santana e Eunício Oliveira. Eles não têm pressa de
anunciar a oficialização, mas as duas partes estão cumprindo todas as etapas
dos acertos feitos, inclusive o de afirmarem que só tratarão das eleições no
próximo ano.
O PSOL, uma oposição com
características bem diferentes das demais agremiações adversárias do
governador, já definiu o seu nome, Ailton Lopes. O partido do deputado Renato
Roseno sabe o que quer. Não faz barganha para se aproveitar de outras
candidaturas. Tem objetivo de crescer conscientizando o eleitorado da ideologia
que defende, ao contrário dos demais partidos, sempre dependentes dos
candidatos ao Governo do Estado ou presidência da República, e das coligações
negociadas, qualquer delas, até a do DEM com o PCdoB.
DN / Política
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