( Foto: Agência Brasil )
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É comum ver candidatos do mesmo
arco de aliança, que disputam vagas na Assembleia Legislativa e na Câmara
Federal, formarem "dobradinhas" nas disputas eleitorais como
estratégia para angariar mais votos e garantir a eleição dos aliados. Assim, um
postulante usufrui do cacife eleitoral que o colega tem em determinada região
do Estado, para alavancar a sua candidatura e obter êxito no pleito.
Neste ano, porém, o
posicionamento da bancada cearense na Câmara, diante de votações polêmicas como
o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), as denúncias da
Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (MDB) e
medidas tidas como impopulares propostas pelo governo do emedebista, pode
afetar as "dobradinhas", na avaliação de deputados estaduais
entrevistados pelo Diário do Nordeste. Apesar disso, alguns apostam que o
eleitor vai saber "distinguir" um parlamentar do outro e afirmam que
o peso maior deve ser sentido pelos próprios deputados federais.
Após a votação da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) que estabeleceu um teto para os gastos públicos da
União por 20 anos e das duas denúncias criminais da PGR contra o presidente
Michel Temer, é a polêmica Reforma da Previdência, que o governo federal quer
que seja votada na Câmara em fevereiro, que tem provocado reações e cobranças
do eleitorado junto aos parlamentares.
Influência
Diante do clima de insatisfação
com o mundo político, Audic Mota (MDB) acredita que deputados estaduais poderão
sair prejudicados em municípios cearenses, na eleição deste ano, se aparecerem
ligados aos deputados federais que votarem "contra as pessoas".
"O eleitor vai estar atento ao posicionamento dos deputados,
principalmente os federais, nas votações mais polêmicas. Deputados (estaduais)
podem sofrer prejuízo nos municípios em que fizerem dobradinha com esses
federais", avalia.
Também é o que projeta o
deputado estadual Elmano de Freitas (PT). Ele diz que vai trabalhar em
"dobradinha" com a deputada federal Luizianne Lins (PT) na Capital e
em municípios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), em busca da reeleição
de ambos para a Assembleia e para a Câmara, respectivamente. "No nosso
caso é um pouco diferente, porque aí (na estratégia) tem muito uma lógica de
estrutura, de recurso e, no nosso caso, é uma lógica de militância, portanto,
vale muito mesmo o trabalho realizado", aponta.
Segundo o petista, contudo, o
efeito contrário também já tem sido observado por parlamentares em incursões
pelo Interior do Estado. "Temos visto, no Interior do Ceará, deputados
federais sendo vaiados, tendo dificuldade, inclusive, de ter pronunciamento em
alguns municípios", relata. "Tenho impressão de que o nível de
consciência do nosso povo vai se elevando e acho que essas pessoas vão sendo
retiradas das possibilidades de serem votadas pelo eleitor", completa.
O deputado João Jaime (DEM),
que aposta na possibilidade de fazer uma "dobradinha" com o recém
filiado ao Democratas Danilo Forte, nota que, no Interior, há uma
"rejeição" aos parlamentares que votaram a favor de reformas
propostas pelo governo federal. No entanto, na sua visão, embora ele e o colega
de partido sejam favoráveis às mudanças, não é possível mensurar "até que
profundidade" os posicionamentos vão impactar nas perspectivas de
reeleição.
Lideranças locais
"No Interior, as coisas
funcionam mais no que a liderança política local indica para votar. Claro que
tem uma parte do eleitor que tem uma massa crítica e esse eleitor pode se
revoltar e não votar, mas não é a grande maioria. Eu sou votado em mais de
cinco municípios com o deputado Danilo Forte e vejo que, no final, o trabalho
que ele exerce, a presença no município, os recursos que ele coloca para solucionar
os problemas dos municípios é que vão nortear os votos na eleição",
argumenta.
Por outro lado, Fernanda Pessoa
(PR) observa que os eleitores conseguem "separar" um parlamentar do
outro e, por isso, não acredita que os candidatos ao Legislativo Estadual serão
prejudicados se trabalharem pela reeleição com deputados federais. Ela poderá
dividir palanque com a deputada federal Gorete Pereira (PR), mas esclarece que
a "dobradinha", dentro do partido, "às vezes é uma coisa que não
depende da gente escolher".
"Às vezes, somos apoiados
por um prefeito, então acho que é uma coisa separada. A população está atenta,
ela separa os parlamentares. Todo mundo sabe dos meus posicionamentos. Acho que
vai prejudicar deputado federal. Acho que a renovação na Câmara vai ter na
Assembleia também, mas, na Câmara, vai ser maior ainda", acredita.
Fonte: DN
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