O roteiro do presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) no Ceará era relativamente previsível. Sem nada mais
importante que não a própria agenda de reeleição, o ex-militar participou da inauguração
de obra viária em Tianguá, no interior do estado, de onde seguiu para
Fortaleza.
A obra é o que menos importante.
Com discurso de campanha, Bolsonaro criticou gestores estaduais, numa mensagem
indireta a Camilo Santana, e o partido do governador do Ceará, o PT.
O presidente ocupou boa fatia do
seu tempo lembrando que concluía agora uma obra que estava parada havia mais de
dez anos, referindo-se aos ex-governos de Lula e Dilma Rousseff.
O chefe do Planalto antecipa,
desse modo, o discurso de 2022. Com pré-campanha na rua, Bolsonaro ensaia a
retórica que levará para a reeleição.
E o laboratório discursivo
escolhido por ele é exatamente um território muito caro ao PT: o Nordeste, e,
na região, o Ceará, sob comando de um petista.
Não à toa gritos de “Fora,
Camilo” foram entoados por aliados do presidente, estimulados por ministros de
Estado, como Onyx Lorenzoni, que sugeriu que o governador “não era amado por
seu povo”.
Ao lado de Tarcísio Freitas,
ministro da Infraestrutura e fiel escudeiro, Bolsonaro faz um duplo movimento
na sua intensa agenda cearense: tenta recuperar popularidade, perdida na
esteira do fim do auxílio emergencial e do agravamento da pandemia, e afia uma
narrativa para as eleições do ano que vem.
De tudo que falou, um discurso
curto e sem tanto destaque, sobressaem-se os trechos em que ele acena para um
eventual confronto com a esquerda e o PT.
Mais uma vez, o presidente deu
mostras de que parece já ter escolhido o seu adversário preferencial para 22.
Totalmente devotado a essa
pré-campanha, o presidente foi lembrado pelos próprios presentes ao evento do
que é mais importante do que antecipar a disputa.
Do lado de fora das grades,
apoiadores gritaram: “Queremos emprego”. Para isso, no entanto, o Brasil
precisa de vacina.
Infelizmente, o presidente não
dedicou um segundo sequer do seu tempo à saúde dos brasileiros num momento em
que chegamos às piores marcas da pandemia.
Fonte: Politica o POVO – Por Henrique
Araújo
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