Alfa, Beta, Gama, Delta. As
variantes do coronavírus, causador da Covid-19, são uma realidade e têm
levantado muitas dúvidas. De acordo com o infectologista Keny Colares, da
Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), as mutações já eram esperadas, visto que
as alterações são características de qualquer vírus (a exemplo do H1N1).
O acompanhamento das variações é
feito por cientistas desde o início da pandemia, mas, segundo Colares, elas
preocuparam especialistas e sociedade quando as novas características passaram
a potencializar a capacidade do coronavírus de transmissão e resistência aos
anticorpos. “As variantes capazes de gerar mais problemas foram agrupadas em
Variantes de Preocupação”, afirma. Até o momento, quatro são investigadas no
mundo: Alfa, Beta, Gama e, mais recente, a Delta, oriunda da Índia.
Keny Colares indica que as
diferenças entre as variantes identificadas estão ligadas ao potencial de
transmissibilidade, replicação e capacidade de driblar a proteção adquirida com
a vacinação ou anticorpos de quem já teve Covid-19.
Variante Alfa
O consultor em Infectologia da
Escola de Saúde Pública Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE) diferencia as
principais variantes identificadas no Ceará. A Alfa, detectada inicialmente na
Inglaterra, mostra grande capacidade de transmissão, causando novas infecções.
Desta forma, “praticamente dominou o cenário nos países onde circulou, por
causa da sua capacidade de replicação”.
Em compensação, esta não mostrou
habilidade em driblar a proteção. “Essa variação do vírus já não tinha essa
propriedade de resistir aos fatores de proteção, principalmente os anticorpos
que a gente produz para se proteger, seja com estímulo da vacina ou da própria
doença”, explica.
Variante Beta
Originada na África do Sul, a
Beta possui características inversas, e foi a que menos se espalhou pelo mundo.
“Não apresenta maior capacidade de se multiplicar e se transmitir, mas é a que
mostrou mais capacidade de driblar as nossas proteções, os anticorpos,
infectando mesmo a pessoa vacinada”.
Variante Gama
A variante brasileira Gama
apresenta um pouco das duas características. “Ela é mais transmissível, mas nem
tanto quanto a Alfa. Tem capacidade de contornar o sistema de defesa, mas não
exatamente como a Beta”.
Variante Delta
A mais recente das variantes,
originária da Índia, é mais transmissível que a cepa original. “É duas vezes
mais transmissível e tem, não tanto quanto a Beta, a capacidade de contornar os
nossos mecanismos de defesa”, detalha o infectologista. Com essas duas
características, a mutação merece mais atenção. “A variante mostrou-se um
problema por onde passou”, alerta.
Sintomas
Com as novas características dos
vírus, aumenta-se a preocupação com os sintomas. Por isso, Keny Colares orienta
para que haja maior atenção para os cuidados sanitários – que devem ser
mantidos. “Apesar de existir alguma divergência, a maior parte dos estudiosos,
de forma geral, considera que, do ponto de vista dos sintomas, não é possível
diferenciar muito uma forma da outra“, diz. “Temos de continuar considerando os
mesmos sintomas que a gente vinha considerando”, continua.
O infectologista informa, ainda,
que alguns estudos mostram que a variante Delta afeta menos o olfato, mas que a
maioria dos sintomas é semelhante. A cepa indiana tem grande capacidade de
transmissão, mesmo em pessoas já imunizadas, gerando nestas, no entanto,
sintomas mais leves. “Pessoas com sintomas gripais bem leves, ou até talvez
aquele resfriado, podem estar com Covid-19. A pessoa pode estar parcialmente
protegida pela vacina. É interessante investigar”, indica. Nesses casos, o
médico recomenda buscar assistência, fazer o exame imediatamente e manter
isolamento até o resultado para evitar transmissão para outras pessoas.
Cuidados
Impedir o avanço da doença é
responsabilidade de todos. A Sesa reforça que os cuidados devem ser mantidos:
uso da máscara sempre que sair de casa, evitar aglomerações, manter a
higienização das mãos com frequência e respeitar o distanciamento interpessoal.
Keny Colares destaca a
importância de aderir à campanha de vacinação contra a doença. “Qualquer vacina
disponível para a população passa por vários testes e fases. As atuais vacinas
contra Covid-19 são seguras e já foram testadas em milhares de pessoas. Algumas
delas, em centenas de milhares de pessoas”.
*Sesa
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