![]() |
Foto: Werther Santana/Estadão |
“Em algum momento você vai pegar
o seu celular e vai ter um integrador. Ninguém vai ter cinco aplicativos de
banco, temos o open finance para isso. O integrador vai montar toda a sua vida
financeira virtual e física no mesmo lugar, fazendo Pix no débito e no crédito,
com as taxas de cada banco. E outros serviços ligados a isso, com carteiras de
dinheiro físico e digital”, projetou, em palestra sobre “A regulamentação das
criptomoedas no Brasil e no mundo”, promovida pelo Escritório Figueiredo &
Velloso Advogados Associados.
Segundo o presidente do BC,
algumas instituições financeiras já estão começando a usar o Pix para operações
de crédito. Nesse caso, os recursos são sacados da conta corrente no momento
autorizado pelo cliente, até mesmo com parcelamento, mas o valor autorizado
está ligado ao limite do cartão.
Campos Neto voltou a citar a
possibilidade de pagamentos digitais offline. “Não entendi ainda por que não
fizeram. É como se fosse uma carteira de dinheiro digital dentro do celular,
com um pouquinho de dinheiro, porque terá mais risco. Algumas empresas já estão
desenhando isso”, comentou.
Criptomoedas
Campos Neto disse discordar do
formato de regulação mais rigoroso do mercado de criptoativos – modelo que vem
sendo defendido por outros países. Para ele, a regulamentação de criptomoedas
não deve ser feita com “mão pesada” e deve ter a transparência como objetivo e
não levar em conta a possibilidade de o produto gerar perdas ao investidor.
“Não deveríamos deixar para trás
os avanços tecnológicos que veem com esse desenvolvimento. É verdade que houve
grande perda de valor em alguns criptoativos. Mas não é verdade que perdas com
criptomoedas são maiores que outros ativos de tecnologia”, argumentou no mesmo
evento.
Para o presidente do BC, o
caminho da regulação de criptoativos no Brasil é diferente de outros países e
mais ficado na transparência. “O que precisamos fazer é ter certeza que os
criptoativos têm transparência na forma como são negociados, criados e
transacionados. Esse é o caminho que queremos seguir. Se você vai comprar um
criptoativo que é uma mistura de outros dois, o algoritmo precisa ser aberto e
o lastro transparente”, completou.
Ele admitiu ter preocupação com a
concentração de custódia e transacional no mercado de criptoativos. “Hoje temos
80% dos criptoativos custodiados em quatro empresas, em alguns casos com
servidores centralizados, sem abertura de estrutura de backup. Isso é sujeito a
invasões. E temos uma ou duas plataformas com 20% ou 30% do mercado de
transações. Esse é um ponto que o regulador precisa se preocupar, mais do que
se as pessoas perderam dinheiro”, avaliou.
Bancos não perdem dinheiro com
Pix
Em outro evento, realizado na
quinta, 11, o presidente do BC afirmou que os bancos não perdem dinheiro com o
Pix e que o sistema tem vantagens também para eles. A afirmação contraria a
opinião do presidente Jair Bolsonaro, que tem afirmado que as instituições
financeiras têm aderido a manifestos a favor da democracia porque supostamente
perdem dinheiro com o sistema, cuja criação ele atribui ao próprio governo,
embora as discussões tenham se iniciado antes de 2019.
“Não é verdade que os bancos
perdem dinheiro com Pix, a gente deve lançar em algum momento um estudo sobre
isso”, disse Campos Neto em painel do Febraban Tech, evento promovido pela
Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em São Paulo. Segundo ele, as
vantagens estão na abertura de novas contas, e no aumento da realização de
transações eletrônicas.
“Na nossa visão, nunca é sobre
quem tá perdendo e quem tá ganhando, o objetivo é que os bancos sejam um pedaço
de uma torta muito maior”, disse Campos Neto. “O objetivo é a bancarização.”
O presidente do BC ressaltou
ainda que, diante do sucesso do Pix, o futuro real digital não precisará ser
destinado apenas a pagamentos instantâneos, utilização para a qual alguns
países direcionaram suas moedas digitais oficiais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário