Ceará Acontece: Meu filho não quer mais estudar", diz mãe de autista impedido de fazer Enem em Castelo

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Meu filho não quer mais estudar", diz mãe de autista impedido de fazer Enem em Castelo

 

A equipe não permitiu que o jovem realizasse o teste, alegando que a documentação apresentada não estava no edital entre as aceitas para o Enem.

Um triste desfecho para uma história que seria o diferencial na vida do estudante autista, Daniel Soares Moreira, 19 anos, que neste domingo (13), foi impedido de realizar a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em Castelo.

 

A mãe do adolescente, Elenir Moreira, relatou que tudo aconteceu pois a equipe que estava aplicando a prova no colégio João Bley não permitiu que o jovem realizasse o teste, alegando que a documentação apresentada não estava no edital entre as aceitas para o Enem. Elenir conta que levou a Carteira de Trabalho digital, pois a identidade do estudante foi extraviada, por incongruência de dados.

 

"As etapas mais difíceis nós resolvemos, conseguimos junto ao Governo que dois orientadores estivessem presentes para acompanhar o Daniel a fazer a prova, e ainda, o tempo adicional, mas nem com tudo isso, foi suficiente", explica Elenir.

 

Elenir relembra que o pesadelo começou por volta das 12h, quando chegou com Daniel, junto com os profissionais que o acompanhariam. Ao apresentar a documentação, foram informados que o documento estava enquadrado na categoria bronze e só seriam aceitos documentos da categoria prata ou ouro.

 

"Eles disseram que o documento não estava configurado no nível do aplicativo, que para subir de categoria era necessário uma conta bancária para subir um patamar. Mas, o Daniel não tem uma conta no nome dele, tentamos com o Boletim de Ocorrência mostrando que o documento foi extraviado, mas não deu certo. Então entramos em contato com uma advogada para nos orientar em como proceder diante da situação", conta a mãe


Foi então que a equipe do colégio solicitou que eles saíssem do local, o que não foi acatado pelos familiares. A Polícia Militar foi chamada para que Elenir e Daniel fossem retirados, o que fez com que fosse filmado um vídeo e divulgado na internet, que causou uma imensa revolta pelas redes sociais e mais ainda para a mãe do autista, que segundo ela, só falava em poder fazer a prova do Enem.

 

"O meu filho não quer mais estudar por causa do trauma deste domingo! Eu trabalho com um projeto de saúde emocional nas escolas, incentivando os jovens a prestarem o exame. Hoje digo que faltou empatia, faltou amor ao próximo, faltou tato para lidar com o sonho de um jovem. Estou frustrada, mas vamos buscar recursos para que consiga fazer a prova", afirma.

 

A família e advogados estão tentando contato com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação das provas do Enem, para explicar o ocorrido, apresentar a documentação e buscar um recurso que permita que o jovem Daniel possa realizar o sonho de sua vida.

 

"Ele está assustado de não ter conseguido fazer a prova. Chegou a fazer contagem regressiva, pois ele sentia que estaria, pela primeira vez, sendo igual aos outros estudantes. Nós vamos fazer de tudo para que ele consiga", finaliza Elenir.

 *(Guilherme Gomes/Jornal de Fato)

 

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