O presidente do PL afirmou que o
partido quer Bolsonaro “à frente dessa luta que ele construiu” e disse que vai
pagar ao presidente “o maior valor” que puder. Foto: Wilton Junior |
O presidente do PL, Valdemar
Costa Neto, anunciou nesta terça-feira (8/11), que a sigla será oposição ao
governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vencedor das eleições de 2022.
Valdemar deu, no entanto, declarações dúbias sobre a possibilidade de o
presidente Jair Bolsonaro vir a questionar o resultado da apuração. Primeiro,
ele afirmou que o PL não iria contestar a vitória do petista. Depois admitiu
que Bolsonaro poderá fazer isso, se tiver “algo na mão”. E afirmou que é
preciso esperar o resultado do relatório feito pelas Forças Armadas e que será
entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) amanhã.
“Não temos nada de previsão de
entrar (na Justiça), não temos nada. Por enquanto, não temos nada na mão”,
afirmou, na primeira entrevista coletiva a veículos da imprensa que concedeu
desde fora condenado por envolvimento no escândalo do mensalão. Em seguida,
ajustou sua declaração para dizer que Bolsonaro só contestará os números finais
das eleições “se tiver algo real”. “Se não tiver, ele não vai fazer isso. Ele
já deixou claro isso aí. Nós estamos esperando agora o resultado do relatório
do Exército amanhã para ver se tem alguma coisa consistente para que ele possa
questionar o TSE”, disse.
O Ministério da Defesa informou
que vai encaminhar o resultado de sua fiscalização nesta quarta-feira, 9, para
o TSE. O Partido Liberal divulgou, quatro dias antes do 1º turno, um documento
em que apontava, sem nenhum tipo de evidência, que as urnas eletrônicas podiam
ser fraudadas por servidores do TSE. No documento, o partido repetiu acusações
constantemente feitas por Bolsonaro.
Segundo Valdemar, o Ministério da
Defesa vai trazer “alguma coisa”. “Não tenho dúvidas disso, porque senão, já
tinham apresentado, já tinham liquidado o assunto.” O pronunciamento do
presidente do PL foi acompanhado por quadros do partido, com mandatos e
eleitos. Aliados ideológicos de Bolsonaro, como os deputados Bia Kicis (DF) e
Carlos Jordy (RJ), estavam na plateia. Senadores e o governador eleito em Santa
Catarina, Jorginho Mello (PL-SC) estiveram na mesa com o presidente do partido.
A Defesa fiscalizou o primeiro e
o segundo turnos das eleições. Em ambos, aliados de Bolsonaro foram eleitos
para o Congresso e para o governo dos Estados. Em São Paulo, o ex-ministro do
presidente, Tarcísio Freitas (Republicanos) vai comandar o Executivo do Estado
após ser eleito no 2º turno. Em Santa Catarina, Jorginho Mello, que estava
próximo a Costa Neto, foi eleito governador.
Questionado se a eleição de
deputados do PL e de senadores do partido valeram, o presidente do partido
disse que “sim”. “Valeu, valeu, lógico que valeu. Nós não estamos
questionando”, disse. “Eu acho que nós temos que aguardar o Ministério da
Defesa.” Em seguida, a entrevista foi finalizada.
Atos antidemocráticos
Durante a entrevista, Valdemar
foi questionado sobre os atos antidemocráticos que pedem intervenção militar na
porta de quarteis militares em ações que ocorrem desde o fim do 2º turno em
capitais como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Ele se esquivou de
responder se condena ou não os pedidos dos apoiadores de Bolsonaro.
Segundo o dirigente do Partido
Liberal, “os protestos que estão acontecendo no País, todos dentro da lei, têm
o nosso apoio”. “O que o presidente deixou claro é que nós não podemos fazer um
movimento que traga prejuízo para o País”, disse.
Na avaliação de Costa Neto, os
apoiadores escolheram permanecer na frente de quarteis militares “porque são
locais que eles podem ficar protestando sem incomodar a vida de ninguém”. “Pode
ser que estejam perturbando também a vida desses quarteis, eu não tenho dúvida
disso. Mas o Bolsonaro é o nosso capitão, nós vamos segui-lo no que for
preciso”, afirmou.
Cargo e salário para Bolsonaro
O presidente do PL afirmou que o
partido quer Bolsonaro “à frente dessa luta que ele construiu” e disse que vai
pagar ao presidente “o maior valor” que puder. Valdemar relatou ter convidado
Bolsonaro para ser presidente de honra da sigla e integrar a Executiva Nacional
da sigla “para que ele possa continuar cultivando esses milhões de seguidores
que ele tem”.
“A estrutura vai ser a que ele
necessitar. Ele vai trabalhar, nós temos uma área anexa ao nosso partido, que
quero montar a estrutura dele lá”, contou. “O que ele necessitar, nós vamos
fazer para ele. É muito importante que ele corra o Brasil, que ele continue
fazendo política para que a gente conseguir atingir os nossos objetivos.”
Valdemar disse que Bolsonaro
“aceitou bem a ideia de ajudar no partido, de correr o Brasil”. O dirigente do
PL ainda falou do papel que o partido terá no governo Lula. “(O PL) será
oposição aos valores comunistas e socialistas, será oposição ao futuro
presidente”, disse.
Questionado sobre a possibilidade
de votar a favor da PEC da Transição, negociada pelo PT para o orçamento do ano
que vem, ou se ficaria na oposição, o presidente do PL relatou ter conversado
“longamente esse assunto com o presidente Bolsonaro, sobre a nossa posição”.
“Ele falou que todos esses
assuntos têm que levar para a bancada e nós resolvemos juntos. Se é de interesse
público, se é de interesse do País, o Bolsonaro me falou isso, nós vamos votar
a favor. Mas tudo tem que ser discutido antes”, disse Costa Neto.
Senado
Valdemar anunciou que o PL vai
apoiar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tenta a reeleição da
Casa, “mas com a garantia que ele nos ajude e trabalhe para eleger o nosso
candidato no Senado”. “Nós queremos ter o presidente do Senado”, afirmou. “Nós
temos a maior bancada na Câmara e a maior bancada no Senado, não é possível que
a gente não tenha a presidência da Casa.”
O presidente do PL relatou que
precisará compor com outros partidos para conseguir a presidência do Senado.
“Por isso, nós precisamos compor na Câmara para ter sucesso no Senado”, disse.
“Nosso pessoal está trabalhando para isso.”
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