Ex-prefeita foi notificada a devolver
dinheiro da Prefeitura transferido quando teve celular clonado - Foto: reprodução/Instagram |
O Tribunal de Contas do Estado do
Ceará (TCE) determinou que a ex-prefeita de Camocim, Mônica Aguiar, e o
ex-tesoureiro da gestão, Felipe Araújo Veras, devolvam ao município a quantia
de R$ 522 mil reais. O dinheiro era do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb) e foi transferido do caixa da Prefeitura. Os dois alegam que
tiveram os celulares clonados e realizaram boletim de ocorrência.
A sentença é do dia 26 de abril,
quando a Segunda Câmara do Tribunal determinou a conversão de uma representação
de vereadores apresentada à Corte contra a prefeita. O colegiado interpretou
que o caso representaria potencial dano ao erário no valor de R$ 552,5 mil
e citou tanto a prefeita quanto o tesoureiro a apresentarem defesa ou,
caso desejem, que recolham aos cofres a referida quantia, explicou o TCE por
meio de nota.
Atualmente, o processo está na
fase de citação dos gestores, ou seja, o prazo para que se defendam ou recolham
os valores ainda está em aberto. Até o momento, os dois interessados ainda não
se pronunciaram, mas, conforme o TCE, ambos foram citados apenas no último dia
19 de junho pelo Diário Oficial Eletrônico e possuem 30 dias úteis para
comparecer ao processo.
Entenda o caso - Celulares teriam sido clonados
Segundo o processo, em outubro de
2018, o programador financeiro realizou transferências bancárias, depois de
supostamente receber autorização da prefeita à época por meio de mensagens no WhatsApp. Foram cinco transferências
realizadas.
Após ser informado de que o telefone celular da chefe do Executivo havia sido clonado, foi aberto boletim de ocorrência. Os vereadores alegam, no entanto, que seria “inadmissível nos tempos hodiernos um agente público desfalcar as contas públicas sem base de fundamentação, em descumprimento aos preceitos constitucionais e legais”, e que tal atitude configuraria improbidade administrativa.
Conforme a Polícia Civil do
Estado do Ceará (PC-CE), o inquérito policial, já concluído, foi remetido
ao Poder Judiciário. A 1ª Vara da Comarca de Camocim arquivou o caso após
pedido do Ministério Público (MPCE). Na visão dos órgãos, não houve “indícios mínimos de
autoria capazes de embasar uma denúncia” e ressaltam que o prejuízo financeiro
suportado pelo Município foi integralmente reparado.
"Analisando detidamente o
feito, verifica-se que, como alegado pelo Parquet, os elementos colhidos no
procedimento policial são insuficientes para sustentar o oferecimento de uma
peça acusatória, pois não há sequer indícios da autoria do crime de furto",
avaliou a juíza Amaiara Cisne Gomes.
Na época, foram registrados pela
Policia Civil, boletins de ocorrências que alegava a clonagem dos celulares de
pelo menos cinco prefeitos do Ceará. Além do telefone da prefeita de
Camocim, Mônica Aguiar, os celulares dos prefeitos Osvaldo Neto (Reriutaba),
Isis Martins (Hidrolândia), Zé Ailton (Crato) e Renê Vasconcelos (Ubajara) também
foram clonados, segundo fontes da Polícia Civil e perfis dos gestores nas redes
sociais.
Acreditando estar trocando
mensagens com Mônica Aguiar, o tesoureiro das contas de Camocim "passou a
conversar normalmente atendendo aos seus direcionamentos". Via
WhatsApp, uma pessoa deu orientações para que o servidor fizesse
"transferências diversas para várias contas" a partir da verba do
Fundeb.
O que diz a defesa
Conforme a defesa, a ex-prefeita
foi vítima de crime praticado por organização criminosa “especializada em
clonar telefones de autoridades políticas” no intuito de praticar fraudes
bancárias junto aos setores financeiros das prefeituras. Além do boletim de
ocorrência, a gestora entrou em contato com os bancos para bloquear as
transferências, além da Procuradoria Geral do Município ter entrado com ações.
Foram recuperados cerca de R$ 522,5 mil.
“O valor total relativo às
transferências feitas pelo então ocupante do cargo de programador financeiro
Felipe Araújo Veras foi integralmente recuperado para as contas do erário
público da Prefeitura de Camocim”, ressalta a defesa por meio de nota.
A defesa alega ainda que a acusação no TCE foi interposta por vereadores que faziam oposição à gestão municipal. Citados apenas no dia 19, os dois ainda vão apresentar defesa no processo. “Pelo exposto, não há valor a ser devolvido ao erário público municipal, pois tais quantias já foram integralmente recuperadas em razão de atos céleres e urgentes adotados de forma diligente, sempre visando o resguardo do patrimônio público”, finalizou a nota.
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