Rompimento de Cid Gomes com governador Elmano muda alianças para 2026

 

Rompimento entre Cid Gomes e governo Elmano expõe divergências: Camilo minimiza e Cid avalia saída para o Podemos

A atitude do senador Cid Gomes, de romper unilateralmente com o governador Elmano de Freitas, deve mudar o quadro eleitoral do Ceará. Cid perdeu a vaga de senador na chapa de Elmano, apesar do ministro Camilo ter tentado resolver essa briga, oferecendo justamente o apoio a sua reeleição. Não deu resultado. Cid sonha em retornar para o Abolição. E não esconde o seu objeto de desejo. Assim, rompido com Elmano e o PT, está se afastando sozinho para proteger os seus aliados. Isso não dá certo. Todos os aliados de Cid, na sua visão, podem permanecer no Governo até abril de 2026, quando começa a campanha eleitoral. Difícil será convencer Elmano a aceitar ser enganado. Nessa queda de braço de poderosos, Cid marcou para esta terça (19) uma entrevista coletiva, logo após comunicar à direção estadual do PSB, que não tem mais e nem quer diálogo com o Governo Elmano. O presidente do PSB-Ceará, Eudoro Santana, surpreendeu ao declarar que: “o governador Elmano não consultou ninguém" e o PT “não pode decidir sem ouvir aliados". Eudoro, entretanto, ressaltou: “a opinião do Governador é importante”. Elmano não vai voltar atrás e nem os deputados estaduais querem outro presidente que não seja Fernando Santana. Cid tentou encontrar um candidato. Insistiu com Salmito Filho, Guilherme Landim e Zezinho Albuquerque. Alardeou ter 20 votos. Não tinha. Tem apenas dois deputados dispostos a romper com o Abolição: a sua irmã Lia Gomes e Sérgio Aguiar. Fernando Santana, hoje, tem o apoio de 40 deputados. E esse número pode chegar a 43, no dia da eleição. O PL que não vota em deputado do PT, dialoga com Fernando Santana e reconhece que a sua candidatura é o consenso. Fernando Santana é, hoje, o candidato do governador Elmano, mas também de quase a unanimidade dos deputados estaduais.

Cid Gomes errou ao querer peitar Elmano

Cid Gomes telefonou para o ministro Camilo Santana e pediu uma reunião com ele e Elmano. O encontro foi marcado e aconteceu na sexta (15). Elmano recebeu Cid sozinho. Camilo tinha outra agenda. A conversa durou apenas 10 minutos. Cid se comportou como fosse ainda o dono do Ceará. Disse não aceitar a concentração de poder nas mãos do PT, que tem o governo do Ceará, terá prefeitura de Fortaleza com Evandro Leitão e elegerá o novo presidente da Assembleia. Calmo, Elmano retrucou: o povo elegeu o PT. Quanto às eleições na Alece, o Governador foi claro: não volto atrás, o consenso está definido e é o deputado Fernando Santana. Sem ter como nomear o presidente da Alece, Cid colocou na mesa de negociações a vaga de conselheiro do TCE-Ceará. Sugeriu dois nomes: a ex-governadora Izolda Cela e a sua irmã, deputada Lia Gomes. Elmano não aprofundou esse assunto. Explicou que só indicará um nome para o TCE no ano que vem. Cid não se conformou. Declarou que desse modo não tinha como permanecer no projeto com Elmano e Camilo e ia se retirar. Elmano não se intimidou e falou: “acompanho-o até a porta do meu gabinete”. Cid deixou o Abolição com raiva, e prometendo derrotar Elmano na briga pelo comando da Alece. Não será fácil.

Cid esquece que extinguiu tribunal TCM

Cid Gomes passou todo o final de semana prolongado em articulações. Procurava um candidato a presidente e um partido para se filiar. A primeira tarefa não conseguiu cumprir. Os seus supostos seis deputados estaduais aliados: Lia Gomes, Guilherme Landim, Salmito Filho, Jeová Mota, Marcos Sobreira e Sérgio Aguiar não toparam ser candidato. A derrota de Cid se concretizou nesta segunda-feira (18), convencido que não teria o apoio dos deputados, o melhor era liberar a todos, para apoiar Fernando Santana. No outro desafio, Cid teria obtido mais sucesso: a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, sinalizou aceitar a sua filiação e apoiá-lo no seu projeto de retornar ao governo do Ceará. Cid gosta da ideia de ingressar no Podemos, ciente que dividirá a legenda com o prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra. Antes, Cid fracassou em convencer o presidente nacional do PDT, André Figueiredo, a aceitá-lo de volta. André rejeitou: PDT ficará ao lado do governador Elmano. Já Ciro Gomes, ciente do rompimento com o PT, limitou-se a dizer: eu disse a ele. E completou: não quis me ouvir. Cid esqueceu o passado: lá atrás, quando a sua vontade foi desafiada e o então presidente do TCM, Domingos Filho, lançou Sérgio Aguiar contra a candidatura de Zezinho Albuquerque. Cid venceu com Zezinho e, em represália, o TCM foi extinto.

(Jornal do Cariri)