Em 2019, logo após assumir a Presidência, o governo Bolsonaro publicou medida provisória implantando pente-fino nos benefícios por incapacidade e no BPC. |
O Ministério do Trabalho e
Previdência Social prepara um novo pente-fino nos benefícios por incapacidade
pagos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o que inclui
auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.
A revisão, que consta em portaria
publicada no Diário Oficial da União nesta quinta-feira (22), poderá ser feita
também nas demais aposentadorias e no BPC (Benefício de Prestação Continuada),
além de outros benefícios previdenciários, assistenciais, trabalhistas e até
tributários, embora o documento não detalhe quais são eles.
Devem ser revisados auxílios e
aposentadorias por invalidez que não passam por perícia há mais de seis meses,
não têm alta programada nem indicação de reabilitação ao segurado. No caso do
BPC, o pente-fino vai se concentrar nos que não são revisados há mais de dois
anos.
O BPC é pago a idosos e pessoas
com deficiência carentes, com renda mínima por pessoa da família de até um quarto
do salário mínimo (R$ 303 hoje). Para receber, é preciso estar inscrito no
CadÚnico (Cadastro Único). A idade do segurado e o tempo em que está recebendo
o benefício também serão considerados para a convocação. Quanto mais novo for o
beneficiário, mais chances tem de ser chamado. No caso do tempo de manutenção,
quanto mais antigo for o benefício, mas chances há de passar por revisão. O
programa de revisão terá validade de até 180 dias (cerca de seis meses).
Não foi informado como os
segurados serão convocados, mas quem recebe o aviso do INSS para passar por
revisão deve agendar a perícia. Caso não faça isso no prazo estipulado, tem o
benefício cortado. Atualmente, a fila da perícia médica do instituto está em
cerca de 1 milhão de agendamentos. O acúmulo se deve à pandemia, quando as
agências ficaram fechadas por sete meses, a greves de servidores e peritos
médicos e falta de servidores.
Os peritos que optarem por
participar do programa poderão receber cerca de R$ 62 por perícia, segundo a
ANMP (Associação Nacional dos Médicos Peritos). Será possível fazer até 15
perícias extras por dia de trabalho, além dos exames já agendados e que fazem
parte da rotina do profissional. Quando houver mutirão, no entanto, o médico
poderá realizar até 30 perícias de revisão em um único dia, o que pode lhe
render um acréscimo de R$ 1.860 no salário. A participação no programa de
revisão, no entanto, é facultativa. A Previdência tem hoje cerca de 3.500
peritos.
Segundo o vice-presidente da
ANMP, a categoria está de acordo com o pente-fino, especialmente porque
trata-se de um programa em que se pode optar por participar ou não. “A gente
está de acordo porque, agora, ele será optativo. O perito que se achar apto a
fazer o pente-fino vai se cadastrar e realizar”, afirma.
O QUE FAZER SE FOR CONVOCADO PARA
O PENTE-FINO
A Previdência e o INSS ainda não
definiram como será a convocação dos segurados para a revisão de benefícios. No
entanto, o beneficiário que for convocado deverá apresentar documentos que
comprovem o direito à renda. Além dos documentos pessoais, é preciso ter laudos
médicos e exames que provem a doença, acidente ou incapacidade. O laudo médico
deve ser assinado por profissional com registro no CRM (Conselho Regional de
Medicina).
Caso a doença tenha se agravado,
é necessário levar exames, receitas e laudos comprovando o avanço, para que o
benefício não seja cortado.
O advogado Rômulo Saraiva,
especialista em Previdência e colunista da Folha, afirma que os seguradores
precisam ficar atentos, por se tratar de um pente-fino muito abrangente, cujas
regras ainda não estão tão claras. Para ele, é necessário que se esclareça
quais são os benefícios trabalhistas e tributários que entram mira da
Previdência. Embora a revisão esteja aprovada, ainda deverá haver a publicação
de instrução normativa com orientações aos segurados.
Em 2019, logo após assumir a
Presidência, o governo Bolsonaro publicou medida provisória implantando
pente-fino nos benefícios por incapacidade e no BPC. O foco, na época, era
cortar R$ 9,8 bilhões em benefícios pagos de forma indevida. Estavam na mira
5,5 milhões de aposentadoria e auxílios e 2,5 milhões de BPCs.
*(Cristiane Gercina/Folhapress)
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