A família afirma que buscará
justiça para a jovem agricultora, que morreu após parto em hospital em Camocim
(Foto: Arquivo pessoal) |
Maria da Assunção Teles Teixeira,
jovem de 25 anos, morreu dentro de um transporte médico a caminho do Hospital
Regional de Sobral, depois de passar por complicações pós-parto realizado no
Hospital Murilo Aguiar, no município de Camocim. Ela deu à luz a um menino na
manhã do sábado, 12, e faleceu cerca de 24 horas depois, no domingo, 13.
Família da cearense denuncia negligência da unidade de saúde durante o
procedimento e também nos cuidados após o parto.
De acordo com a Maria da Saúde
Teles, prima e advogada da família no caso, a jovem, a mãe e a sogra foram
destratadas pela equipe do Hospital Murilo Aguiar, que inicialmente não queria
receber Maria da Assunção, apesar do quadro grave de dores. "Ela ficou na
recepção do hospital, que é minúscula, chegando até a ficar do lado de fora
esperando, porque não queria deixar ela entrar por não estar no sistema. Ela
chegou lá transferida de Granja com emergência, por isso não feita nenhuma
documentação", conta.
Desde que foi transferida de
Granja, município vizinho onde mora, Maria da Assunção já apresentava um quadro
complicado, que, segundo a advogada, não foi devidamente observado pela equipe
de Camocim. Após o parto normal no sábado, o hospital não deixou mais os
familiares a visitarem alegando medidas de segurança contra a Covid-19. A
família acabou sendo enviada para casa, onde ficou aguardando mais notícias.
Um parente, que estava com Maria
da Assunção, relata o descaso e diz que se sentiu "enganada".
"Não deixaram a gente olhar ela para ver se estava bem mesmo. Ficam direto
dizendo que ela tava boa", comenta. A advogada e prima Maria da Saúde
conta que na manhã desse domingo, 13, o quadro piorou e os familiares
retornaram ao hospital. Foi quando decidiram transferir ela para Sobral, onde
teria um tratamento para casos mais complexos.
"A sogra dela foi com ela na
ambulância de transporte e relatou que a enfermeira passou a viagem inteira
sendo grossa com elas. A mãe dela disse que quando a filha foi ser levada já
estava com a respiração muito fraca e achava que ela já estava morrendo".
Cerca de 30 minutos na estrada, na cidade de Martinópole, Maria da Assunção
veio a óbito e foi levada para um hospital do município.
A família afirma que buscará
justiça para a jovem agricultora. A criança se encontra bem e está na casa da
avó materna. A mãe de primeira viagem foi enterrada na manhã desta
segunda-feira, em Granja, ainda com seus entes queridos sem saber o que causou
sua morte. "Vou primeiro tentar pegar os documentos e prontuários e amanhã
vou conversar com um promotor. Pretendo fazer uma denúncia para os direitos
humanos e comissão de mulheres para ficar o alerta, para que mais mães não
morram dessa maneira", diz.
A direção do Hospital Deputado
Murilo Aguiar divulgou a seguinte nota:
O Hospital Deputado Murilo Aguiar utilizou todos os procedimentos necessários: recebeu a paciente às 3h28min de sábado (12), que foi encaminhada do hospital de Granja por uma enfermeira, não sendo avaliada por médicos daquela unidade, nem regulada para o hospital polo.
Em decorrência dessa situação a paciente teve que permanecer na recepção da maternidade aguardando autorização da central de regulação. Em seguida foi encaminhada para a sala de parto, onde foi assistida pela médica obstetra, tendo parto normal sem complicações obstétricas às 4h06min, ou seja 26min após sua chegada neste hospital.
A médica, após constatar que a paciente apresentava quadro clínico de icterícia, solicitou exames laboratoriais para possível elucidação diagnóstica, cujo resultados encontravam-se alterados.
Após tomadas providências
cabíveis em decorrência da evolução do quadro clínico, a paciente foi
transferida em caráter de urgência para Sobral, ocorrendo óbito no traslado.
Esclarece-se que a paciente não faleceu em decorrência de complicações de
trabalho de parto, mas de prováveis comorbidades que a paciente portava e que
não foram diagnosticadas durante as consultas regulares do pré-natal, uma vez
que consta no cartão da gestante apenas 4 consultas realizadas somente por
enfermeiros. Esclarece-se, ainda, que o Hospital ficará à inteira disposição da
população e de qualquer parte interessada, para demonstrar que, no caso que
objetivou as inverídicas publicações, o Hospital de Camocim procedeu de forma
correta.
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Com informações o POVO
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