Ceará Acontece: Chinesa Higer planeja ônibus elétrico na América Latina; no Ceará, entra com montadora no Pecém

domingo, 3 de julho de 2022

Chinesa Higer planeja ônibus elétrico na América Latina; no Ceará, entra com montadora no Pecém

 

A fabricante chinesa montou um plano de negócios para ganhar as ruas do Brasil e fazer do país a porta de entrada para os vizinhos das Américas do Sul e Central, como Peru e Colômbia (Foto: reprodução)

A chinesa Higer enviou ao Qatar, país sede da próxima Copa do Mundo, 1,8 mil ônibus elétricos para o transporte dos torcedores das 32 equipes classificadas. No Brasil, os programas de eletrificação da frota de ônibus urbanos devem avançar principalmente na capital paulista.

 

A fabricante chinesa montou um plano de negócios para ganhar as ruas do Brasil e fazer do país a porta de entrada para os vizinhos das Américas do Sul e Central, como Peru e Colômbia. Ela pretende disputar um jogo que tem como favoritas as grandes marcas que dominam o mercado brasileiro, algumas há mais de 60 anos rodando no país.

 

Jovem quando comparada aos seus concorrentes, principalmente os europeus, a Higer nasceu em 1998 e hoje tem quatro fábricas na China, que alcançaram faturamento de US$ 5,5 bilhões no ano passado. “Temos 50 mil ônibus elétricos rodando, a maior parte na China. Mas também na Europa”, afirma Marcelo Barella, diretor para América Latina da Higer. No Brasil, os chineses vão atuar pela TEVx Motors, que será a importadora e distribuidora dos veículos.

 

A Higer montou um plano de negócios no qual os operadores do sistema de transporte, sejam privados ou públicos, não vão precisar comprar os veículos nem se preocupar com a infraestrutura de carregamento. Tudo será alugado. O ônibus elétrico é 2,5 vezes mais caro quando comparado ao movido a diesel. “Um ônibus a combustão fica em torno de R$ 900 mil. O elétrico chega a R$ 2,6 milhões”, diz Barella.

 

Para disputar o fornecimento de ônibus elétricos em São Paulo, o maior mercado, ela fechou acordo com a companhia italiana de energia elétrica Enel. A elétrica tem a concessão de distribuição na capital paulista e mais 22 municípios na região metropolitana.

 

É a Enel que vai disputar a licitação ou concorrência para fornecimento dos veículos. Caso vença, a comoanhia compra os veículos da Higer, monta a estrutura de carregamento e aluga todo o pacote para os operadores. A Higer fica responsável pela manutenção dos ônibus e treinamento dos motoristas. Inclusive com pessoal próprio dentro das garagens dos operadores.

 

“O sistema de aluguel permite que a troca da frota seja feita o mais rapidamente possível. Se o operador tivesse de comprar um ônibus elétrico, não sei se conseguiria o crédito para isso”, avalia Barella. Ele lembra que São Paulo tem frota de 14 mil ônibus e planeja chegar em 2028 com 12 mil deles movidos à eletricidade. Desse total, 2,6 mil até 2024, sendo 600 unidades entre 2022 e 2023.

 

A Higer investiu US$ 10 milhões para adaptar os ônibus às normas brasileiras. “Temos todo o ferramental pronto. Se eu tiver uma encomenda de mil ônibus, tenho condições de atender.”

 

Se os planos da Higer caminharem como esperado, a empresa estimar ter 300 funcionários em 2023 e atingir 500 em 2024. Seriam de oito a dez funcionários em cada garagem.

 

Movidos a bateria, a princípio os veículos serão importados inteiros, mas a empresa negocia com o governo do Ceará uma área em Pecém para instalar sua linha de montagem, com investimento estimado de US$ 20 milhões. Com a unidade local, a ideia é importar os ônibus em sistema de PKD (Partial Knock-Down). “A estrutura do carro vem pronta e aqui colocamos vidros, assentos e motor”, conta.

 

Em um segundo momento, seria adotado o SKD (Semi Knock-Down), com maior valor agregado local. Barella explica que boa parte dos fornecedores da montadora na China já estão no Brasil e poderiam atender as necessidades da Higer no Ceará. São fornecedores globais como Siemens e Dana, para motores; ZF para suspensão; Bosch para caixas de direção; ou Wabco para freios. As baterias são da CATL, que fechou acordo com a fabricante brasileira de baterias Moura para serviços de pós-venda. A unidade cearense também será a base de exportação para a região.

 

A escolha do Ceará revela o próximo passo da estratégia da montadora para o Brasil: os ônibus a hidrogênio. O Estado tem grande oferta de energia limpa e promessa de vários projetos para produção de hidrogênio verde no médio prazo. A Higer já tem 400 ônibus a hidrogênio rodando na China. Mas para o Brasil se trata de um projeto de mais longo prazo.

(O Intrigante)




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