Antônio José morreu após abordagem do CPRaio. Conforme a família da vítima, ele foi confundindo com um traficante da região (Foto: Fabiane de Paula) |
Dois policiais militares foram demitidos dos quadros da Corporação quatro anos e meio após o assassinato de um jovem de 23 anos, na zona rural da cidade de Granja, Interior do Ceará. Conforme publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) dessa segunda-feira (26), estão demitidos o cabo Adalberto Nascimento Dias e o soldado Marclésio Ferreira da Silva. (Reveja clicando aqui ou aqui)
Segundo a Controladoria Geral de
Disciplina (CGD), há incompatibilidade com a função e ausência de condições
morais para permanecerem na PMCE, "configurando condutas incompatíveis com
os princípios morais da moral militar estadual". A vítima teria sido
confundida com um traficante da região. O processo criminal que apura a morte
de Antônio José da Costa segue em segredo de Justiça.
O cabo Edmundo Ferreira da Costa
Neto, terceiro PM investigado na seara administrativa, foi punido com
permanência disciplinar de 10 dias "devido à omissão que contribuiu para o
fato". Já o soldado Pedro Dias dos Santos, segundo a Controladoria, foi
"absolvido por insuficiência de provas, com a possibilidade de instauração
de novo procedimento administrativo disciplinar".
O CRIME
Antônio José foi encontrado morto
no dia 29 de janeiro de 2020, por volta das 14h. Nesse mesmo dia, o jovem foi
abordado por uma equipe do Comando de Policiamento de Ronda e Ações Intensivas
e Ostensivas (CPRaio) no município de Granja, Norte do Ceará.
Os militares foram averiguar uma
denúncia de tráfico de drogas praticada por um homem conhecido como 'Tonhão
Chinês'. A família da vítima disse que Antônio José era conhecido por 'Tonhão',
mas o codinome 'Chinês' se referia a outra pessoa.
Apesar disso, os PMs teriam encontrado o rapaz à frente de sua casa e
apreendido com ele 20 sacos plásticos de dindin, um tomate e 0,01g de maconha.
Na época do fato, o Diário do
Nordeste noticiou que os policiais relataram em Boletim de Ocorrência que foi
dada voz de prisão ao jovem e, em seguida, entraram na sua casa a fim de
realizar buscas e pegar seus documentos.
Os militares afirmaram que
Antônio José foi algemado numa sala da casa e, enquanto faziam buscas no local,
ele fugiu. Ao procurarem no quintal, encontraram Antônio dentro de um cacimbão
batendo os pés.
PROVAS
Os agentes teriam dito que o
retiraram do local e tentaram ressuscitá-lo. Sem sucesso, Antônio foi levado a
uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, lá, foi constatado o óbito.
A narrativa dos policiais foi refutada a partir de um laudo da Perícia
Forense do Estado do Ceará (Pefoce) . A perícia constatou que "os achados
não se mostram típicos do afogamento verdadeiro ou do afogado úmido".
A perita concluiu que Antônio José
morreu por asfixia mecânica em razão de "obstrução das vias respiratórias
por aspiração em meio líquido-pastoso contendo restos de alimentos
(vômitos)". No laudo pericial, ainda foram constatadas escoriações nos
punhos, nos cotovelos e no ombro esquerdo, além de equimose (mancha de sangue)
na face.
(Com
informações, DN/Segurança)
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